Toda pessoa com deficiência tem direito à igualdade de oportunidades com as demais pessoas e não sofrerá nenhuma espécie de discriminação — é o que diz a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência). Mas, na prática, sabemos que nem sempre é o caso.
É difícil incluir esses indivíduos na sociedade, porque desconhecemos seus potenciais e suas limitações. Isso faz com que a deficiência seja encarada como um fardo ou um problema sem solução, argumenta o fisioterapeuta Bertran Gonçalves Coutinho, da Faculdade Maurício de Nassau, na Paraíba.
E esse fardo recai no bem-estar físico e mental. A dificuldade para ingressar no mercado de trabalho, por exemplo, dificulta a adesão a um plano de saúde e a cobertura de despesas médicas. A falta de amparo de familiares e terceiros, por sua vez, coloca qualquer um pra baixo. São, enfim, muitas particularidades que demandam atenção de todos nós.
Aí que entra o trabalho da terapeuta ocupacional Marilia Bense Othero. Ela investigou quais as necessidades de saúde dos deficientes, sob a ótica deles. Para isso, ouviu a história de vida de seis pessoas com diferentes tipos de deficiência. E publicou os resultados em sua dissertação de mestrado na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP).
Listamos abaixo algumas dessas descobertas e outros fatores que merecem destaque quando o assunto é inclusão social e a saúde de pessoas com deficiência.
Saúde mental Além de ter que lidar com os impactos que eventuais limitações físicas ou psíquicas trazem para a rotina, o deficiente sofre com as consequências da falta de inclusão social. A falta de mobilidade urbana, por exemplo, tira o ânimo e abre espaço para raiva, culpa, angústia… Sentimentos que, se não controlados, aumentam o risco de doenças como depressão.
Se por um lado a exclusão social fomenta emoções negativas, por outro complica a busca por hobbies e atividades relaxantes. Você já parou para pensar como uma pessoa surda consegue assistir a um filme nacional no cinema? Sem legendas, fica complicado entender o enredo do começo ao fim. Ir a um show de uma banda também parece não fazer muito sentido.
Acontece que experiências como essas podem, sim, ser adaptadas para tornar a vida dos sujeitos com deficiência auditiva mais divertida. Para citar um caso, a intérprete americana Amber Galloway Gallego faz sucesso na internet interpretando — de maneira lúdica — músicas, shows, memes e vídeos em linguagem de sinais. Ela inclusive é chamada para traduzir canções durante apresentações musicais.
O engajamento dos deficientes em atividades lúdicas, produtivas e que carreguem um valor pessoal é fundamental para a autoestima e dignidade. Também é importante ressaltar o papel da família, dos amigos e dos profissionais em oferecer a ajuda necessária para facilitar o dia a dia.