MSWI
07/03/2017
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A falta de informação foi o que mais nos fez sofrer. Mas, com o tempo e a ajuda necessários, conseguimos enxergar que eles conseguem superar os obstáculos. O segredo é não cruzar os braços, seguir o coração e confiar. Essas são palavras de Cíntia Prata, mãe de dois jovens com síndrome de Asperger, considerada um tipo mais brando do autismo, que afeta uma a cada 250 crianças nascidas.
Os filhos, um de 22 anos e outro de 12, tiveram acompanhamento desde o início do diagnóstico, o que foi fundamental para que tivessem uma qualidade de vida maior. O mais velho está cursando medicina desde 2014 – ele mesmo dirige o carro da família até a faculdade –, e o caçula estuda no oitavo ano do ensino fundamental.
As pessoas que têm a síndrome, descoberta em 1944 pelo pediatra austríaco Hans Asperger, apresentam o desenvolvimento cognitivo e de linguagem de forma normal, mas demonstram comprometimento na comunicação, na interação social e na coordenação motora.
Assim como acontece com outros espectros do autismo, a causa do problema é desconhecida. Porém, alguns fatores ambientais e físicos podem contribuir para o desenvolvimento, como a exposição a substâncias tóxicas, problemas com a gravidez ou o parto e infecções pré-natais.
Segundo Arthur Kummer, neuropsiquiatra da Faculdade de Medicina da UFMG, a síndrome pode ser tratada, e os resultados podem ser bastante positivos. Quanto mais leve, maior a chance de se obter controle.
O especialista revela que o tratamento é totalmente observacional, não dependendo do uso de medicamentos. O diagnóstico desenvolvimental se baseia na observação do comportamento da criança, levando em consideração os pontos em que ela apresenta dificuldades de desenvolvimento, principalmente o sociocomunicativo. Dependendo das limitações, o tratamento consistirá no treinamento dessas habilidades sociais. Um bom exemplo é uma criança de 6 anos que não tem facilidade de interagir com outras. Ali, trabalharemos ações que promovam a melhora desse ponto, e assim por diante, explica.
Além do tratamento psiquiátrico, o paciente pode ter acompanhamento de outras especialidades, como psicologia, fonoaudiologia e fisioterapia. A psicóloga clínica e doutora em psicologia do desenvolvimento pela UFMG Aline Abreu e Andrade reforça a importância do aspecto cognitivo – processo pelo qual os indivíduos adquirem conhecimento sobre o mundo ao longo da vida – nesses casos.
Podemos apontar o treinamento de habilidades sociais, momentos em que o paciente vai aprender formas de interagir socialmente com as pessoas, geralmente realizado em duplas ou grupos de pacientes com o mesmo diagnóstico, e o treino de solução de problemas – uma vez que as pessoas que têm a síndrome costumam ser muito rígidos quando têm um imprevisto, e a tendência é se desorganizarem, afirma Aline.
Diagnóstico
O diagnóstico da síndrome de Asperger só pode ser realizado por um especialista da área médica, mas a atuação dos pais é fundamental. Os pais precisam ficar vigilantes em relação a qualquer dificuldade que o filho, principalmente acima de 2 anos, possa ter para interagir com as outras pessoas, seja a falta de um contato direto no olhar ou a falta de interesse em assuntos alheios, além de uma obsessão por algo ou objeto determinado. Caso isso ocorra, a primeira providência é procurar o pediatra, que saberá como proceder, aponta Kummer.
Remédio
O uso de medicamentos por pessoas coma síndrome só acontece quando outra desordem psicológica surge a partir da presença do transtorno, como depressão, síndrome do pânico e crises de ansiedade.